Como nos referimos ao modelo de língua?
Ângelo Cristóvão Tue 28 Nov 2017 12:58AM
Caro Joám, permite-me discordar e não aceitar a desqualificação (azeda e gratuita) que fazes dos que optamos por salientar a necessidade tornar normal, corrente, comumente aceite, o nome "português" para o galego, dentro da Galiza, o que não exclui necessariamente o uso de "galego" ou outros nomes conforme os casos, como outros intervenientes têm indicado. Do meu lado está quase toda a história das línguas nacionais europeias, que é o patamar onde, supostamente, queremos entrar.... ou não? A isto convém acrescentar o pequeno detalhe de estarmos a fazer isto com mutíssima demora histórica em relação o próprio modelo original. Viria bem aqui citar o artigo de Lluís Aracil "Llengua nacional: una crise sense crítica?"
Pensando em jogar limpo, importa não enganar-nos ou iludir-nos mais do necessário, polo menos quando falamos ou escrevemos entre nós, galegos comprometidos com a língua e com o país. Seria para isto oportuno resgatar a distinção escolástica entre potência a ato. Concedamos que o galego é uma língua nacional em potência, mas não é de facto, polo menos conforme ao que se entende na Europa como língua nacional. Podemos pôr todos os exemplos possíveis a favor, que os há, e muito meritórios, mas são claramente insuficientes. Aqui ao lado temos o caso do asturiano. Afirmar que é língua nacional pareceria algo excessivo, salvo que reduzamos a noção de língua nacional ao absurdo. Para contextualizar o razoamento seria ajeitado lembrar as advertências de Claude Lévy-Strauss sobre os usos oportunistas do conceito de Relativismo Cultural, em Raça e Cultura.
Não compensa trazer para aqui os detalhes das misérias em que nos meteram alguns que se dizem notáveis galegos, esses que nos queriam vender o modelo de "lengua do pobo", lubrificado com altas doses de facilitismo. Esse modelo falhou, tal como advertiam repetidamente Carvalho Calero, Marinhas del Valle ou Guerra da Cal há décadas. Agora há que reformular o projeto e, de facto, em parte, é o que estamos a fazer todos nós, aqui, neste foro e em geral no PGL.
Isto não quer dizer que tudo o que está escrito em galaico-castelhano seja para deitar ao lixo. Haverá que ir pensando em adaptar os textos valiosos para o padrão comum, tal como já começou a fazer a AGAL com o Sempre em Galiza, ou a AGLP com a Coleção dos Clássicos da Literatura Galega.
Recebe o meu mais caloroso abraço e a minha maior consideração.
Antia Cortiças Leira Tue 28 Nov 2017 8:21AM
Desculpa @joamlopesfacal1 eu não comparo pelo bom nem pelo mau, comparo por tudo, igual que digo que nas nossa língua oral diária usamos quase irremediavelmente palavras como bueno ou vale também existem ainda traços que são bem "aportuguesados" se não queres chamá-los de "portugueses" nessa mesma língua oral sempre que não provenha de pessoas neo-falantes e/ou urbanitas-falantes. E também não concordo com o de submissão... mais submissos do que agora não podemos estar... deixamos aquilo que era nosso em mãos alheias completamente. E para recuperar o que é nosso há que estar onde está a nossa descendência. Não é derrotismo nenhum, tudo o contrário, é tentarmos de recuperar uma pouca da hegemonia que nos foi arrebatada, que nos deixamos arrebatar, é voltar a poder dar conselhos aos filhos mesmo que eles não nos/os queiram ouvir... E precisamente pelo que referes na última frase é que acho tudo isto de tanto barulho por um nome um bocado improdutivo (sempre se aprendem coisas de refletirmos conjuntamente), dado que somos a inveja para o euskera no uso interno social e a panaceia para os catalães no uso externo internacional... aproveitemos que o temos tudo! Valorizemos o interno fazendo-o externo.
Antia Cortiças Leira Tue 28 Nov 2017 8:33AM
E entretanto nós continuamos a debater, outros "menos legítimos" vão apanhando posições...
Xurxo do Galheiro Tue 28 Nov 2017 9:10AM
Prezada Antia, o teu argumento parte em grande medida do voluntarismo co que interpretas a "língua". Outros, galegos/as tamém, mesmo docentes de português na Galiza, falam um excelente português e nunca, nunca, nunca falam GALEGO. Por isso, e na minha humilde e amigável opiniom, mais do que ser umha agência do português -e uso propositadamente este nome da nossa língua pluricêntrica- na Galiza (já existem outras associaçons com esse objectivo) seria interessante centrarmos o debate sobre a quem se dirige a AGAL.
Joám Lopes Facal Tue 28 Nov 2017 10:09AM
Excelente apontamento, Xurxo; pola minha parte podo acrescentar outro: tanto se degradou o galego durante a limitada vida da AGAL como para acabar concluindo que se trata dum romance irrecuperável? E aínda: é razoável educar @s noss@s filh@s em português -- últra minoritário na Galiza-- em vez de practicar um galego de qualidade que podam identificar com o idioma que escuitam a cotio?
Ângelo Cristóvão Tue 28 Nov 2017 10:37AM
Caro, seria desonesto apresentar ou identificar língua portuguesa só com o padrão de Lisboa. Em qualquer caso, um galego de qualidade, que é o que tentamos todos criar e promover, oralmente e por escrito, mantém uma distância notável em relação às falas populares, em maior ou menor medida castelhanizadas. Pode registar-se uma enorme variação dependendo da procedência, idades, formação, etc. O modelo está bastante bem definido por António Gil quando explicou o que é a correlação diglóssica entre um modelo A de língua culta e os falares da mesma língua, como condição de normalidade. Acrescento um caso concreto. Não conheço todas as pessoas da paróquia de minha mãe, S. Julião de Lainho (S. Gião está registado no Livro de Notas do Notário de Rianjo, século XVI). Ora, a pessoa com a fala mais bonita é uma vizinha que conheço e me disse que mora na Marinha Grande. Está exposta ao português de Portugal. Conserva a pronúncia do galego da sua aldeia melhorado com léxico bastante correto. "Infelizmente" não conseguiu aprender a fazer o thetacismo. É um caso a redimir. Talvez por isso poderia ser chamada de lusista. Porém carece de qualquer intencionalidade. Nem sabe o que é a AGAL nem o reintegracionismo, mas fala português a teor do critério de Portugal. Um português algo diferente, que poderia ser identificado do Norte, se calhar de Bragança... Ora, quem pode manter que o falar da minha vizinha de Lainho não pode levar o rótulo de "português"? Ou só pode levá-lo a sul do Rio Minho, e, enquanto permanecer no território galego, só pode chamar-se "galego", para não atraiçoar não-se-sabe-que moral?
Antia Cortiças Leira Wed 29 Nov 2017 11:35AM
@xurxodogalheiro Não concordo com essa apreciação que fazes da minha opinião. Espanholas-(galegas) na Galiza há muitas pessoas... Eu não estou a pensar nessas pessoas, mas mesmo essas pelo menos conheceriam a "uma versão mais alargada" da nossa língua, da sua língua mesmo que essas pessoas não a considerem sua... não sei se me faço entender mas tanto faz. De resto acho que então o galego RAG está perfeito como está sendo=galego-castelhano=portunhol=castrapo, à imagem e semelhança do spanglish.... Essa é uma outra opção para a nossa língua, válida e possível e até, muito factível de facto... dado que é o resultado natural da mistura entre português e espanhol. Poderá ser de facto uma das línguas predominantes do futuro...
Raul Rios Mon 27 Nov 2017 10:08AM
Se o que estamos a debater é a melhor maneira de comunicar com o resto da sociedade galega, acho que a melhor opçom é galego internacional e, adicionalmente, galego-português, ao enfatizarem a identidade do idioma e a sua utilidade internacional. Também gosto das outras opçons, e dependendo do contexto também as utilizo habitualmente na minha vida, mas temos de adaptar a mensagem à audiência.
abanhos Mon 27 Nov 2017 10:34AM
Português da Galiza tem uma cousa poderosaA) É um questionamento vem direto do estado e a nossa inserção nele.
B) É a opção mais subversiva
Afirmar-nos portugueses do jeito que for e independentenente do que quiser ou gostar Portugal, é construir uma Galiza des-submetida à Castela(espanha).
Alem disso tudo, todas as denominações são válidas, e há que ter a flexibilidade para usar a que for mais conveniente em cada caso ao destinatário da nossa comunicação.
O que não se pode, é dizer não se deve, é pisicionar ao interlocutar de partida enfrentado a nós como um frontão, deve-se sempre partir do lugar onde ele está e ajudá-lo a caminhar.
Isso sim frente a Castelhano/espanhois e no seu âmbito, sempre português (Da Galiza).
Sobre isso tenho eu uma anedota muito instrutiva, se alguém tiver interesse, conto.
Abanhos
Jorge Diz Mon 27 Nov 2017 12:15PM
Como já digerom algumhes companheires, quase todas estas denominaçons podem ser válidas a depender do contexo.
«Galego AGAL» para falarmos dumha escolha específica, «galego-português» para abranguer o sistema PT-BR-GL-etc sem gerar rejeite entre os galegos, e mesmo «português da Galiza» num contexto tuga ou brasileiro. Mais nom esquezamos que a quem hemos de convencer é aos nossos compatriotas.
Eu, até hai pouco, chamava-o de «galego reintegrado», umha denominaçom que ainda vejo acaida para remarcarmos o objetivo principal, mais constantemente bato coa constataçom de que o público geral nom entende a referência. «Reintegrado, onde? Com que?». Logo bem, «galego internacional» esquiva essa dúvida aportando ao mesmo tempo umha conotaçom muito positiva. Ninguém vai estar em contra de fazer o galego mais internacional. De feito, a ortografia internacional (malia afastar-nos dos nossos vizinhos asturianos) achega-nos nom só ao português senom tamém ao resto das românicas.
Em resumo: acho que a forma geral mais pedagógica e com melhor marketing actualmente é GALEGO INTERNACIONAL, mesmo se algumha das outras pode ter os seus usos segundo contextos.
Ernesto Vazquez Souza Tue 28 Nov 2017 10:16AM
Mais que vos leio e mais que vos vejo debater arredor, mais que reafirmo que para além da escolha, no fundo é um problema (sério) de perspectiva.
Para mim que mesmo dentro do reintegracionismo os esquemas mentais do nacionalismo espanhol e do isolacionismo são poderosos.
As nossas metáforas, palavras não podem ser dependentes destes esquemas.
Em primeiro lugar é preciso que no reintegracionismo (de uma vez) trabalhemos por fixar o conceito da identidade GALEGO = PORTUGUÊS e PORTUGUÊS = GALEGO... isto nos permitiria que quando o pessoal veja numa máquina ou num envase a opção em Português aceite que é GALEGO e que o galego está a ser usado já, de feito, internacionalmente...
Em segundo lugar. Não podemos enxergar o mundo com olhos de colonizados, de periféricos subalternos ?: nós somos o centro do mundo. O que eu escrevo é tão Galego como o Galego que falo, e pretendo e trabalho para que seja O GALEGO.
Marcar no meu galego, na sociedade galega, que é galego-português ou galego internacional, não me interessa, porque eu quero que o meu galego seja o GALEGO culto, que represente as formas populares e tradicionais em uso, modernas ou antepassadas.
O meu Galego é Português. E o Português é a minha língua de cultura.
Portanto, eu, trabalharia para que na Galiza a gente quando ouça e veja escrito galego, pense na tradição reintegracionista e vaia percebendo a isolacionista como uma anomalia passageira. E quando tenha de distinguir, francamente faria a contrário: diria o nosso Português (Galego) ou o Galego (o nosso Português) mas marcaria os outros: fala, escreve o Português de Portugal, o Português de Brasil... Que são outras formas de Galego.
Saúde,
Ernesto Vazquez Souza Tue 28 Nov 2017 10:34AM
E, portanto, não marcaria o nosso, o nosso é o Galego genérico, o mais ajustado à tradição escrita, o mais lógico e o mais útil... o que marcaria é os outros: Como nos referimos a eles? como galego isolacionista, galego ultra-isolacionista, galego de concôrdia espanhola, galego acastelhanado?... mesmo português-isolacionista galego... ?
Jesus Manuel Valcárcel Tue 28 Nov 2017 12:33PM
As mudanças de nomenclatura nunca são inocentes, têm sempre importantes repercussões. Os nomes são muito importantes, por isso considero bem necessário o presente debate: “do diálogo nasce a luz”, Platón dixit). Toda linguagem supõe uma visão da realidade e, por tanto, condiciona o pensamento (sapir-whorf). Na minha opinião é muito importante acertar com o nome (ou nomes) mais ajeitados para acercar-nos, com sucesso, à sociedade (potenciais receptores): “galego internacional”, na Galiza, pode resultar interessante como rótulo de márketing mas também “galego-português”, e também os outros, nos seus diferentes contextos. Acho que o importante é ressaltar a importância desses contextos (pragmática) para utilizar, em cada circunstância, a denominação mais adequada.
Quanto à identidade do idioma, para mim não oferece dúvidas: o galego-português (que não é uniforme na Galíza: eis o “mindoniense”, a “fala dos branhegos”, que dizia o Noriega) é um continuum ibério e uma única língua a nível mundial com as suas variedades porque se fala em territórios muito amplos, como o castelhano, inglês, etc.
Daniel Amarelo Montero Tue 28 Nov 2017 5:23PM
Gosto da viragem cara à denominação "galego internacional", mais moderna e menos autocentrada, assim como o já clássico e facilmente identificável pola sociedade "galego reintegrado". Porém, um dos problemas da primeira das duas é a existencia sugerida de um "galego nacional", para aqui, para "nós", enquanto o padrão portugues fica como uma ferramenta útil se quisermos tirar proveito de ações internacionais (uma linha discursiva que até o oficialismo pode aceitar e mesmo aceita, de facto). Outros termos como "galego AGAL", demasiado redutor e identificativo, "galego-portugues", um bocado mais académico e já desgastado, ou "portugues da Galiza", que gera bastante pouco consenso dentro dos diferentes individuos e entidades reintegracionistas, para além de que desvirtua o conflito linguístico e o sentimentalismo que, inevitavelmente, existe neste País.
José Felipe Fernández López Wed 29 Nov 2017 1:46PM
1) Se não entendo mal, o que estamos a escolher é uma marca, não o nome filológico da nossa língua.
2) Toda marca tem que ter conotações positivas, atraentes, etc. para maioria da população, ou, pelo menos, para um segmento importante dela. Ou seja, a gente tem que gostar dela.
3) Portanto:
• Galego Agal, Galego reintegrado e Galego reintegrado na lusofonia não servem. Só fazem sentido dentro do próprio grupo(s) reintegracionista(s). Nós já estamos convencidos. Para isso não precisamos duma nova marca.
• Galego tampouco vale. É uma marca muito usada e com não muito êxito. De facto, o que andamos a procurar é uma marca que substitua a tradicional, a marca Galego.
• Português e Português da Galiza, também não valem. São várias as razões disto, mas aqui citarei só a principal. Portugal e os outros países de fala portuguesa são vistos no imaginário popular galego como lugares não muito desenvoltos, um pouco ou muito mais pobres do que nós, etc. Enfim, lugares aos que podemos ir de férias, mas que não são ótimos para emigrar. Se Portugal um dia fosse rico ou o Brasil se tornasse realmente “no país do futuro”, então podíamos falar de novo sobre esta hipótese.
• Galego-português, ainda que eu gosto dela para denominar a língua, como marca tem problemas. Fala do passado e não resulta evidente evoque um projeto de futuro prospero.
• Fica Galego internacional que é a boa. Parece moderno, próprio das novas gerações, ninguém tem motivos para rejeitar a expressão, etc. Pode funcionar. Até penso que a bastantes galegos e galegas não lhes pareceria mal a possibilidade de viver ou emigrar ao país do galego internacional.
Jesus Manuel Valcárcel Wed 29 Nov 2017 5:34PM
Como diz o José Felipe Fernández López no fundo do que se trata é de encontrar uma marca de sucesso: novidade de choque (na Galiza), é surpreendente e chamativa (vai suscitar interesse nos meios), sugere universalidade e abertura de horizontes, implicação de estímulos emocionais próprios e expetativas favoráveis de futuro… junta muitos aspetos positivos: avante pois o “galego internacional”. E que funcione!
Ricardo Cabanelas Thu 30 Nov 2017 9:07AM
Olá a todo o mundo. Estou a gostar do debate. Sempre é bom ler bons argumentos. O que sim boto em falta é que se estamos a debater como nos chamamos (nós), acho o debate algo assimétrico. Haveria que debater como chamamos aos outros, não e? Se estamos a falar duma marca somos galego +qualquer cousa, os outros serão galego +qualquer outra cousa, também. Ainda que acho está um bocado longe, como diz o Ernesto há que lutar pela hegemonia do nome. Qualificar aos do outro lado do espelho, pode ajudar. Abraço
Breixo Thu 30 Nov 2017 5:01PM
Sem entrar no fundo do debate em si, hai umha questom prévia que penso que haveria que considerar. Acho que seria bom termos em conta a nova situaçom na que nos achamos, em que a AGAL teoricamente assume como próprias duas normas (ainda que por vezes se apresentem como umha única) e outra associaçom e a sua Comissom Lingüistica assumírom também o trabalho de regulamentar o padrom galego da nossa língua comum. A situaçom é algo confusa para a gente que pratica o reintegracionismo na escrita (e mais ainda para a gente que ainda nom o fai), e acho que na questom das denominaçons deveríamos ajudar a aclará-la, nom a enredá-la mais.
Isto é: a nível pedagógico nom teria muito sentido denominar da mesma forma o padrom próprio e o padrom de Portugal (ainda que a AGAL assuma agora ambos), por muito que as diferenças sejam muitas ou poucas ou da consideraçom que cada quem tenha da necessidade (ou nom) da existência do primeiro.
Joám Lopes Facal Sun 3 Dec 2017 6:15PM
Acho muito oportuno suscitar (ou ressuscitar) a questom dos tres paradigmas em conflito latente no galego atual: o padrom nacional galego (AEG, e com a boca pequena AGAL) o padrom duplo com domináncia do padrom de Portugal (AGAL) e o padrom pan-lusista --non é?-- AGLP. Fica por último (e como o primeiro em uso e reconhecimento institucional) a norma RAG-ILG que a gente conhece simplesmente como "galego" e nom parece útil discordar.
Fora dessa modalidade demótica, consagrada e orçamentada que a gente conhece como galego, e do padrom diferenciado e singular, desenvolvido até o momento pola AGAL histórica e custodiado hoje pola AEG, que eu denominaria com gosto galego-internacional pola sua manifesta ancoragem galega e intercomunicabilidade com o universo pòrtuguês, nom seria razoável qualificar pura e simplesmente de português o resto dos paradigmas coexistentes na Galiza en honra da claridade pedagógica?
Qual pode ser a utilidade de manter associaçons de cultivadores de um padrom indistinguível do português padrom que pode prescindir sem dó de umha equipa especializada no cultivo e desenvolvemento da norma, precisamente por ficar já esta perfeitamente desenvolvida?
Ernesto Vazquez Souza Mon 4 Dec 2017 8:12AM
Discrepo, como sabes, e muito desse esquema conceitual teu. Eu penso que não existem três, nem mesmo quatro modelos. Era boa existirem... o que existe é um continuum entre os cultores do ILG mais castelhano (aqueles que tendo uma base cultural castelhana, dão uso de mínimos a um galego "institucional") e os cultores galegos de português (isto é aqueles galegos que aprenderam direitamente português passando ou desconhecendo já o galego)...
No resto de nós, naqueles que pretendemos um galego pleno, acho que apenas há uma rede de conexões, um continuum de usos e formas, as mais delas de teor estilístico que normativo, apenas mediatizado por três elementos marcantes:
- Nível e importância da formação gramatical e académica em português e conhecimento e frequência de consumo do português literário contemporâneo.
- Proximidade ou distância com o galego oral e conformação como elemento constitutivo na base da língua escrita/culta.
- Conhecimento, consumo e impacto da tradição literária galega (os galegos literários e do castelhano da Galiza do XIX e XX) e assimilação dela na escrita e na fala.
Nesse sentido acho que há elementos muito mais conformativos da língua e do estilo das pessoas. O pentavocalismo e a ortofonia de falantes de castelhano, somada à frequentação de um galego oral (ativista e académico) de liceu e no ambiente da universidade, sobre o que se levantou um edifício de leituras lusófonas contemporâneas, e corrigido com um profundo estudo Académico (modelo EOI, Cursos de Português de Portugal)... new way
Ou a contrário galego oral familiar, social + estudo de galego pre-norma ILG (pos-normas ILG) + tradição literária galega + algo de português autodidata... old style...
No meio todas as combinações possíveis...
Para mim que a questão ortográfica não deixa ver a realidade... Por que já me dirás que tem a ver o modelo de língua marcadamente português e moderno de Garrido, Quiroga, Valentim, Eduardo, Maurício, Bea Bieites, Alfredo Ferreiro... com o teu, o meu, o da Concha Rousia, Penabade, Estraviz, Isabel Rei, Corral, Paulo Rico... marcadamente galego (e no nosso caso arcaico na escola Carvalho-Marinhas del Valle).
A linha marcante é a proximidade ou não na base do PORTUGUÊS ACADÉMICO e ATUAL...
E nesse sentido o não modelo AGAL atualmente é o que recolhe: a inexistência de uma única norma modelo, num salto estratégico cara aquele objetivo de "primeiro normalizarmos (o reintegracionismo), depois normativizarmos"...
Isso é útil? eu acho que não também para a criação de um conjunto de modelos... mas também entendo que talvez o laissez-faire, laissez-passer é o único possível nestes momentos...
Porque desde logo e tal e como evidenciam - para além da carragem - os artigos de Garrido é que não existem normas feitas consolidadas e tudo é um navegar a língua como se fóssemos vikings ou fenícios...
Joám Lopes Facal Mon 4 Dec 2017 5:26PM
Em óptica sociológica, Ernesto --nom ótica, por favor-- eu vejo a deriva do reintegracionismo actualmente em curso da seguinte maneira:
Um ténue círculo de iniciados nas sutilezas do português --de procedência e profissom mormente acadêmica-- conseguiu introduzir potentes "marcadores identificativos" inequivocamente portugueses --"coração" por "coraçom", "fui" por "fum" por exemplificar em breve-- com a imediata consequência de projectar sobre o discurso reintegracionista o estigma social do alheio frente ao próprio entorpecendo na mesma medida o seu atractivo social. Em definitivo, umha opçom contrahegemónica, em terminolologia política.
Sabedes que isto nom obsta para o meu apreço persoal polos paladins do português triunfante, variante do meu idioma de instalaçom que eu gosto de cultivar. Obstinaçom? Nom o denominaria assi, persoalmente prefiro falar de lealdade à origem.
Desculpade os amigos divergentes da minha querença polos grupos consonánticos cultos, que eu pronuncio tal qual desde a minha infáncia e ainda me serve para vindicar o nobre arcaísmo do galego.
Betânia Fri 1 Dec 2017 11:23AM
Galego-português
Galego internacional
Lucia Mourullo Cerdeira Fri 1 Dec 2017 4:41PM
Galego Internacional
XAVIER CASTELLANOS Sat 2 Dec 2017 7:59PM
GALEGO-PORTUGUÊS concilia melhor as diversas sensibilidades das pessoas preocupadas na supervivência do galego neste território.
José Luís Sat 2 Dec 2017 10:13PM
Galego
Enviado desde mi iPhone
Eliseu Mera Quintas Mon 4 Dec 2017 5:56PM
Car@s sóci@s, este fio criou-se para realizarmos um debate paralelo à votação das propostas para denominar o nosso modelo de língua. Como esta concluiu três dias atrás, o razoável é que também conclua o debate aqui. Encorajamos-vos a continuá-lo nas nossas redes sociais ou com novas colaborações para o PGL.
O Conselho agradece a vossa participação.
Joám Lopes Facal · Mon 27 Nov 2017 11:16AM
Amigas Antia e Alberto, comparar o galego degradado com o esplendor do português culto nom é honesto.
A suposiçom de que a situaçom de degradaçom do galego e a fraqueza da consciência nacional que a nutre serem processos historicamente irreversíveis pode ser qualificada de derrotismo, moral que nom comparto.
O menosprezo social polo galego ao que aludides é sobejamente superado polo menosprezo polo português e, em consequência, a batalha pola hegemonia regeneradora da galego é mais verossimil que a opçom substitutória que abonades.
O entusiasmo polo sintagma "português da Galiza" --dificilmente compreensível para mim, e mesmo provocativo-- carece de atractivo social no país a nom ser como metáfora dos cursos de EOI.
Em definitivo, o esforço --baldio ou nom-- pola reabilitaçom do idioma dos galegos --podo usar legitimamente a expressom ,espero-- é muito mais produtivo que esse "culto cargo" --desculpade o símil-- que pretende auspiciar as bençons idiomáticas internacionais mediante ritos propiciatórios que eu aprovaria se nom comportassem abjurar do suposto cadáver lingüístico que nos identifica, cuja vitalidade ramanente é a inveja do euskera, por exemplo.
O galego, amigas e amigos, existe e nom vai morrer de hoje para manhã, a sua situaçom é a melhor metáfora da submissom da Galiza que aspiro também a reverter porque na história nada tem a última palavra .